sexta-feira, 8 de março de 2019

Como prevenir a Meningite



Meningite na escola, o que o professor e pais precisam saber? 



Meningite na escola, o que o professor e pais precisam saber?


Meningite na escola, o que o professor e pais precisam saber? Crianças estão mais susceptíveis a adquirir infecções, especialmente dentro de ambientes escolares, onde o risco está associado as características ambientais, e aos hábitos que facilitam a disseminação de doenças como levar mãos e objetos à boca, contato com outras crianças, uso de fraldas, imaturidade do sistema imunológico e vacinação incompleta.
As doenças mais comuns com risco aumentado de transmissão em unidades escolares são: gripes, resfriados, infecções do ouvido, meningites, diarreia, hepatite viral tipo a, citomegalovírus, herpes simples, escabiose (sarna) e pediculose (piolho).
Medidas simples de prevenção poderão ser adotadas a fim de prevenir a transmissão destas doenças, e iremos discutir essas medidas mais à frente nesta matéria.
O tema que abordaremos hoje será a meningite!

O que é meningite?


Como o próprio nome já indica, a meningite é um processo inflamatório (do grego itis ou ite=inflamação) das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Pode ser causada por diversos agentes infecciosos, como bactérias, vírus, fungos e protozoários.
Porém, as infecções bacterianas e virais são as mais graves, devido a capacidade de ocasionar surtos e, no caso da meningite bacteriana, o agravamento dos casos principalmente em crianças.
No brasil, a meningite é considerada uma doença endêmica, isto é, que é peculiar ao nosso país, que faz parte da nossa característica local. Sendo assim, casos da doença são esperados ao longo de todo o ano, ocorrendo surtos e epidemias ocasionais. O mais comum é a ocorrência das meningites bacterianas no inverno e as virais no verão.
Os grupos de crianças mais susceptíveis a adquirir a meningite são:
  • Bebês, especialmente aqueles com menos de dois meses de idade onde o sistema imunológico não está bem desenvolvido e as bactérias podem entrar na corrente sanguínea mais facilmente.
  • Lactentes (fase de amamentação) até um ano de idade
  • Crianças com recorrência de sinusite
  • Crianças com ferimentos recentes e graves na cabeça e fraturas no crânio
  • Crianças com cirurgia recentes no cérebro

Considerando a gravidade do assunto e que 50% das ocorrências se concentram na faixa etária entre 0 e 5 anos, a Sociedade Brasileira de Pediatria chama a atenção para alguns aspectos importantes, como a necessidade de atenção redobrada aos lactentes, que integram o grupo de maior risco.

Dados atualizados em maio de 2015 demostram que no brasil foram notificados 25.898 casos suspeitos, sendo constatados 17.434 casos, destes 5.848 bacterianas e 8.261 casos virais, 2.522 não especificadas e 767 de outras causas.

Meningite bacteriana:

A suspeita da meningite causada por bactéria é considerada uma emergência médica e deve ser tomada uma ação imediata para identificar o agente causador e iniciar o tratamento.
As principais bactérias causadoras de meningite na infância são:

  • Hemófilus influenza b (hib)
  • Pneumococo
  • Meningococo

E vacinas contra essas bactérias atenuadas já fazem parte do calendário do ministério da saúde:

CALENDARIO BASICO DE VACINAÇÃO DE CRIANAS

Sinais e sintomas da meningite bacteriana:

A manifestação da meningite bacteriana poderá variar de acordo com a faixa etária da criança ou adolescente, sendo os mais comuns:

  • Dor de cabeça
  • Vômitos
  • Má alimentação
  • Choro
  • Hipotermia (queda da temperatura) ou febre: dependendo da maturidade do bebê
  • Rigidez de nuca (dificuldade de dobrar o pescoço para frente)
  • Convulsões (geralmente o sinal inicial)
  • Irritabilidade
  • Agitação
  • Fotofobia (sensibilidade a luz)
  • Delírio
  • Tonturas

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E, em casos graves, manchas vermelhas na pele que podem sugerir infecção meningocócica e drenagem auricular (do ouvido) que pode sugerir infecção pneumocócica.

PETEQUIAS E PÚRPURA EM CASO DE MININGITE BACTERIANA
Fonte: Newshealthy
As crianças menores de um ano podem apresentar além da febre, falta de apetite, apatia, choro agudo e persistente, irritabilidade, e rigidez corporal com ou sem convulsões.
É uma doença que pode evoluir para um quadro muito grave desde alterações menos evidentes como problemas cognitivos e comportamentais, podendo evoluir para acometimentos neurológicos, perda auditiva, convulsões, déficits motores, hidrocefalia, retardo mental e até a morte.
É muito importante a avaliação precoce dos sinais e sintomas pelo médico, pois quanto mais cedo for iniciado o tratamento mais chance de sucesso na recuperação.

Meningite Viral:

Também conhecida como meningite asséptica, é causada por muitos vírus diferentes, incluindo o arbovírus, vírus da herpes simples, citomegalovírus, e os enterovírus (vírus que habitam os intestinos), são os mais comuns causadores de meningite viral.
Os sinais e sintomas são semelhantes aos da meningite bacteriana, porém a duração é mais curta e costumam não apresentar qualquer complicação.
O tratamento é relacionado aos sintomas (sintomático), e poderão ser administrados antibióticos até que se estabeleça um diagnóstico definitivo.
A criança também poderá permanecer em ambiente “isolado” no hospital por precaução até que se descarte a possibilidade de ser meningite bacteriana.

Diagnóstico da meningite:

O diagnóstico é realizado através da punção lombar (onde aspira-se o líquor da medula espinhal) e coleta de sangue. Através destas avaliações é possível determinar não só a existência de meningite, como também a sua causa (viral, bacteriana, fúngica, protozoários).
Com o diagnóstico e tratamento imediato, sete em cada dez crianças com meningite bacteriana recuperam-se sem qualquer complicação. No entanto, lembre-se que a meningite é uma doença potencialmente fatal, e cerca de dois em cada dez casos, pode levar a graves problemas do sistema nervoso, surdez, convulsões, paralisia dos braços ou pernas, ou dificuldades de aprendizagem. Devido à evolução de a meningite progredir rapidamente, esta deve ser detectada mais cedo possível e tratada precocemente.

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Transmissão da meningite:

A transmissão ocorre pela via respiratória de uma pessoa a outra, através da tosse, espirros e contato com materiais que tenham sido expostos às secreções corpóreas contaminadas.
Devemos nos atentar que a transmissibilidade fecal-oral também pode ocorrer na meningite viral.
  

Tratamento da meningite:


Meningite bacteriana:
O tratamento da meningite dependerá do agente infeccioso.
Para a meningite bacteriana é necessária a internação hospitalar imediata para realizar o tratamento com antibióticos específicos, administração de fluidos e observação cuidadosa das complicações.

Meningite viral:
Já na meningite viral, não são necessários antibióticos e, muitas vezes, não há internação.
O tratamento é focado no controle dos sintomas geralmente com antitérmicos (redução da ferbre) e antieméticos (alívio de enjoos, náuseas e vômitos). O quadro torna-se mais preocupante em crianças menores de 3 meses de idade.


Medidas de prevenção para meningite:


Essas medidas também se aplicam para prevenir a transmissão de outras doenças comuns em unidades escolares, são medidas simples que quando instituídos promovem um ambiente escolar mais seguro e saudável para crianças e adolescentes:
PRIMEIROS.SOCORROS.ESCOLA.CRECHE.SEGURA.1

Sempre solicitar carteira de vacinação dos alunos e conferir se as doses estão em dia.
Os lactentes que iniciam o esquema vacinal entre 2 e 5 meses devem receber três doses, com intervalos de pelo menos dois meses entre elas, e um reforço aos 12 meses.
Se as aplicações começarem no período dos 6 aos 11 meses, são necessárias apenas duas doses, com dois meses de intervalo, e um reforço no segundo ano de vida.
Vale o mesmo para crianças de 1 a 10 anos, mas sem necessidade de reforço, assim como para adolescentes e adultos, com a diferença de que, para eles, o intervalo é de apenas um mês entre as aplicações.
PRIMEIROS.SOCORROS.ESCOLA.CRECHE.SEGURA.2
Higienização das mãos é a medida mais econômica e simples na prevenção de doenças, e deve ser realizada com técnica adequada, conheça o passo-a-passo recomendado pela Anvisa aqui
Confira um vídeo de demonstração da técnica correta de retirada das luvas de procedimento:
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Quando as mãos devem ser higienizadas na unidade escolar?
  • Ao chegar ao trabalho;
  • Antes de preparar os alimentos;
  • Antes de alimentar as crianças;
  • Antes das refeições;
  • Antes e após cuidar das crianças (troca de fralda, limpeza nasal, etc.);
  • Após tocar em objetos sujos;
  • Antes e após o uso do banheiro;
  • Após a limpeza de um local;
  • Após remover lixo e outros resíduos;
  • Após tossir, espirrar e/ou assuar o nariz;
  • Ao cuidar de ferimentos;
  • Antes de administrar medicamentos;
  • Após o uso dos espaços coletivos

Ensinar as crianças a lavar as mãos:
  • Antes das refeições;
  • Após o uso do sanitário;
  • Após brincar com areia, terra, na horta, com tinta ou em outras situações em que as mãos possam estar sujas.

Crianças do berçário devem ter suas mãos lavadas por um adulto, o que poderá ocorrer no momento da troca de fraldas (assim elas poderão associar desde muito cedo que é preciso lavar as mãos após fazer xixi o cocô). Outro momento é antes de oferecer os alimentos.

PRIMEIROS.SOCORROS.ESCOLA.CRECHE.SEGURA.3
Orientar os familiares dos alunos
E reforçar sempre que possível que crianças doentes não deverão ser deixadas na escola, pois trata-se de um ambiente coletivo e seu afastamento durante esse período diminui a chance de transmissão de doenças para as outras crianças.

PRIMEIROS.SOCORROS.ESCOLA.CRECHE.SEGURA.4
Manter os ambientes bem arejados, iluminados e limpos

PRIMEIROS.SOCORROS.ESCOLA.CRECHE.SEGURA.5
Instituir protocolo para higienização dos brinquedos (conforme as recomendações da Vigilância Sanitária)

PRIMEIROS.SOCORROS.ESCOLA.CRECHE.SEGURA.6
Em casos de afastamento por doenças transmissível, os familiares deverão apresentar atestado médico autorizando o retorno desta criança para escola

PRIMEIROS.SOCORROS.ESCOLA.CRECHE.SEGURA.7
Cuidados com colchões e travesseiros
Colchões e travesseiros deverão ter revestimento impermeável que facilite a limpeza e desinfecção com álcool 70% a cada turno, ou após o contato com fluídos corpóreos (retirar excesso com papel toalha, limpeza com água e sabão e desinfecção com álcool 70%).

PRIMEIROS.SOCORROS.ESCOLA.CRECHE.SEGURA.8
Cuidados com os brinquedos
Os brinquedos deverão ser de material de fácil limpeza e desinfecção, deverão ser colocados em local separado após a utilização (local exclusivo para brinquedos sujos).
Só poderão retornar para brincadeiras os brinquedos que forem higienizados com água e sabão com escova de uso exclusivo, deixados expostos para secar sob superfície protegida com papel toalha e então acondicionados na caixa de brinquedos limpos

PRIMEIROS.SOCORROS.ESCOLA.CRECHE.SEGURA.9
Cuidados com as banheiras
As banheiras deverão ser higienizadas com água e sabão após cada uso, depois de secas deverá ser aplicado álcool 70% com papel toalha.

PRIMEIROS.SOCORROS.ESCOLA.CRECHE.SEGURA.10
Disponibilizar equipamentos de proteção individual para todos os colaboradores

PRIMEIROS.SOCORROS.ESCOLA.CRECHE.SEGURA.11
Os bebedouros deverão ser lavados diariamente com água e sabão e utilizada solução para desinfecção conforme recomendação do fabricante

PRIMEIROS.SOCORROS.ESCOLA.CRECHE.SEGURA.12
Profilaxia em caso de contato com pessoas contaminadas
Ao entrar em contato com pessoas contaminadas é importante realizar uma avaliação médica, pois poderá ser recomendado iniciar tratamento profilático (tratamento preventivo) com antibióticos nas primeiras 24 horas (quando tiver contato com pessoas contaminadas com a meningite bacteriana). A profilaxia reduz em 95% a chance de infecção.
PRIMEIROS.SOCORROS.ESCOLA.CRECHE.SEGURA.13
Reconheça os sinais e sintomas
É muito importante que familiares e cuidadores de crianças conheçam os sintomas da meningite, para poder intervir de forma rápida e encaminhar a criança para avaliação médica.

Quer tornar o ambiente escolar mais seguro e que promova saúde? Conheça outras medidas de segurança e saúde neste artigo aqui


Curiosidade

Todos os casos suspeitos ou confirmados de meningite devem ser notificados às autoridades competentes, por profissionais da área de assistência, vigilância, e pelos de laboratórios públicos e privados, através de contato telefônico, fax, e-mail ou outras formas de comunicação. A notificação deve ser registrada no sistema de informação de agravos de notificação (sinan), por meio do preenchimento da ficha de investigação de meningite.

Confira um vídeo explicativo que poderá ser utilizado para levar o tema para sala de aula, e trata a importância da vacinação para prevenção da meningite :

Sobre as autoras:


AUTORA LETICIA A MAIRA
RODAPE SOU PROFISSIONAL 2

Bibliografia

  • AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS. MENINGITIS. Disponível em: https://www.aap.org. Acesso em: 03/07/2016.
  • ANTONIUK, S.A. et al. Meningite bacteriana aguda na infância: fatores de risco para complicações agudas e sequelas. Jornal de pediatria (rio de janeiro), 87(6): 535-40 2011.
  • Centro de vigilância epidemiológica. Protocolo de coleta para o diagnóstico laboratorial dos enterovírus. Rev Saúde Pública; 40(1): 65-70,2006.
  • MANTESE, O.C. et al. Perfil etiológico das meningites bacterianas em crianças. Jornal de pediatria (rio de janeiro), 78(6): 467-74 2002.
  • MINISTÉRIO DA SAÚDE. Vigilância de A-Z. Meningite. Ministério da Saúde, Acesso em: 03/07/2016.
  • SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. Perfil epidemiológico brasil e mundo. Grupo técnico de vigilância das meningites. Porto Alegre.  Acesso em: 03/07/2016.
  • SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Meningite. SBP. Acesso em: 03/07/2016.
  • DEPARTAMENTO CIENTÍFICO DE PEDIATRIA AMBULATORIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Meningite. SBP. Acesso em: 03/07/2016.
  • AGENCIA NACIONAL DE VIGIÂNCIA SANITÁRIA. Orientações da Vigilância Sanitária para Instituições de Educação Infantil, Prefeitura de Belo Horizonte, 2013.
  • AGENCIA NACIONAL DE VIGIÂNCIA SANITÁRIA. Técnica de higienização das mãos. ANVISA, 2011.
  • MARANHÃO, D. G.; VICO, E. S. R. Um ambiente seguro e saudável na Educação Infantil. Rev Avisalá, ed. 22, 2005.
  • SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE DIADEMA. O cuidar na escola de educação infantil: Manual de orientação aos profissionais das escolas de período integral, Prefeitura do Município de Diadema, 2012.

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