Desde a época da faculdade quando me prestei a escrever um artigo sobre Cognição
percebi a dificuldade nos mais diversos desdobramentos que tive de
fazer em torno deste conceito. Difícil de acreditar, mas definir
cognição é tão ou mais difícil do que disfarçar que você sabe o segredo
do seu amigo, mas ele não sabe que você sabe, e você sabe que ele não
sabe que você sabe. Complicado isso aí!
Falando
seriamente, se fizermos uma análise linguística do termo seria muito
difícil escapar de contradições ou incongruências, e a ideia aqui é
justamente enxugar os excessos. Já me debrucei sobre este tema
aqui quando falei sobre Desenvolvimento Cognitivo, mas sinto falta de mais esclarecimento.
Então
vamos a um pouquinho de história: tudo começou quando psicólogos de
tempos longínquos questionaram qual seria o objeto de estudo da
psicologia. Foram muitas as influências e transformações nessa área, até
que na década de 50 aconteceu o que ficou conhecido como Revolução Cognitiva, e
daí surgiu também a Psicologia Cognitiva. Até hoje questiona-se quem
realmente tenha sido o fundador, porém, o nome mais associado ao
movimento é Ulric Neisser, que em 1967 quando publicou a obra Cognitive Psychology foi o primeiro a utilizar o termo cognição e o definiu como aquilo que se refere a:
“[...] todos os processos pelos quais o input sensorial é transformado, reduzido, elaborado, estocado, recuperado e usado.”
Notem que este é um conceito também utilizado para definir memória, e por isso, origem de algumas confusões conceituais.
Existem diversas abordagens que tratam do tema relacionado à cognição, como a Psicologia Cognitiva,
que se preocupa com o modo como as pessoas pensam e adquirem
conhecimento sobre o mundo, além dos processos cognitivos relacionados
ao comportamento humano; a Terapia Cognitiva, abordagem
psicoterapêutica cuja visão homem-mundo está baseada no modo como as
pessoas pensam, e em como esse pensamento influencia nossos sentimentos e
comportamentos; as Ciências Cognitivas, área do
conhecimento interdisciplinar que se preocupa com o estudo da mente do
ponto de vista filosófico, psicológico, das neurociências, e da
inteligência artificial. Complicado, né?
Essas
são áreas do conhecimento com suas especificidades, mas todas oriundas
de uma única corrente conceitual, filosófica e metodológica denominada
Cognitivismo, consolidada após a Revolução ocorrida na década de 50,
como já mencionado. Ou seja, todas beberam da mesma fonte, mas possuem
aplicabilidades específicas.
Sem
mais rodeios, vamos tentar tornar esse conceito algo mais palpável e
utilizarmos o que todas elas têm em comum para entender melhor o que
seria a cognição. Assim, eu diria:
Cognição é tudo aquilo que ocorre dentro da cabeça.
Sim. Uhum. Isso mesmo!
Cognição
é um conjunto de habilidades mentais que usamos o tempo todo. E eu
diria mais! Diria que cognição está diretamente relacionado com nossos
sentimentos e o que fazemos com isso, ou seja, como nos comportamos
diante de uma habilidade cognitiva.
Falando
nisso, aquele segredo que a gente guarda sobre nosso amigo é também uma
habilidade, viu! Habilidade evolutiva que nos manteve vivos até hoje.
Um dia conto melhor essa história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário