Sendo filha e sobrinha de professoras,
poucas vezes imaginei seguir outra profissão na vida senão aquela que sempre me
rodeou na infância. Seja em casa com minha mãe quando recortávamos letras de
revistas para formar meu nome, ou quando a família viajava para visitar
parentes, pois, tanto as tias por parte de mãe quanto por parte de pai eram
professoras.
Assim, escolhi esta profissão e jamais
me senti seguindo algo por obrigação e sim por vocação. Um verdadeiro chamado.
Amo lecionar.
Lecionar é instigador... A cada dia
surge um novo desafio. Nunca um dia é igual ao outro. Além de professora sou
mediadora; é intrigante e maravilhoso estar entre ouvir a pergunta e fazer
entender a resposta, a tal ponto que quando a resposta é compreendida a gente
percebe aquele incrível brilho no olhar.
A professora, a escola, os alunos, não existem
por si. Há todo um contexto no processo educacional que faz com que cada ser
exista e dependa da existência do outro. Sendo cada um fundamental. Mas, essa
fundamentalização não garante o reconhecimento de cada parte.
Acredito que, assim como nas demais
profissões, há pessoas engajadas na causa, verdadeiramente envolvidas com todo
o processo e acreditam no seu trabalho e na diferença que ele faz, mas há
também profissionais que conseguem abstrair-se da sua função com muita
naturalidade, preocupando-se consigo mesmo e não fazendo a mínima questão de se
envolver. Seguem o programa de suas atividades, não se envolvem, não recriam,
não conseguem adequá-las à realidade do local que se encontram e nem da
clientela que atendem.
Quando a escola proporciona aos seus
alunos, pais, professores e funcionários um ambiente acolhedor, responsável,
preocupado com o desenvolvimento individual de cada integrante desse grupo, ela
cria uma imagem positiva que passa adiante. Mas, caso contrário, a imagem pode
ser negativa e reverter esse quadro necessita de muita dedicação por parte de
todos.
Tenho por vezes me perguntado o que
será dessas crianças daqui a alguns
anos. Que sociedade teremos? E, as suposições que imagino, por vezes, me
assustam. Vejo que a maioria dessa nova geração está muito mais barulhenta, tem
acesso rápido a muita informação, mas aprofundam e desenvolvem pouco
conhecimento sobre os temas. Pode ser
que essa minha preocupação seja apenas um choque de gerações. Mas, ainda tenho
muita fé na educação e consciência de que qualquer que seja a mudança que eu
deseje ou a esperança que tenha de dias melhores, somente irá ocorrer através
da educação e do trabalho de professor.
Sei que educar é uma arte e não é para
qualquer pessoa. Acredito que para ser um educador é preciso acreditar e ter
esperança no futuro.
Claudia
Filomena Soares Semmer